HPB – Hiperplasia Prostática Benigna

1 – O que é hiperplasia prostática benigna (HPB)?

Hiperplasia prostática benigna (HPB) é um processo caracterizado pelo aumento do número das células da próstata, sem risco de serem malignas ou de se tornarem um câncer.

2 – Qual a prevalência da HPB?

A HPB é uma das doenças mais comuns do homem idoso. Os sintomas decorrentes afetam a qualidade de vida por interferir nas atividades diárias e no padrão do sono.

A prevalência da HPB é dependente e proporcional à idade. Ao redor dos 60 anos de idade, 50% dos homens vão apresentar algum grau de hiperplasia, e aos 85 anos, esse número sobe para 90%. Mas somente metade dos indivíduos que têm diagnóstico histológico de HPB vai ter manifestações clínicas decorrentes da hiperplasia.

3 – Qual a idade em que se inicia o processo de hiperplasia?

O tamanho da próstata aumenta com a idade, até atingir cerca de 20 gramas por volta dos 20 anos de idade. A partir disso, a próstata só aumenta se der início um processo de hiperplasia, que ocorre por volta dos 30 anos. É nessa época que a próstata tem sua maior velocidade de crescimento, porém, os sintomas quando presentes, se iniciam em uma idade mais avançada.

4 – O que é a próstata e qual é a sua função?

A próstata é uma glândula, do tamanho de uma noz, que está situada logo abaixo da bexiga e é atravessada pelo canal uretral. Devido a esta relação, patologias que acometem a próstata podem levar à manifestações urinárias e problemas de micção.

A próstata tem uma importante função na fase reprodutiva. Nesse período, ela produz parte do líquido seminal que serve para nutrir e transportar os espermatozoides provenientes dos testículos.

5 – O que causa o crescimento da próstata?

O desenvolvimento da próstata inicia-se no período fetal e após um período de latência, volta a crescer após a puberdade. Em ambas as épocas a testosterona estimula esse crescimento.

6 – Como a testosterona age sobre as células prostáticas?

A testosterona após se difundir para o interior das células prostáticas é transformada em di-hidrotestosterona (DHT) por ação da enzima 5 α-redutase, localizada na membrana nuclear. A DHT se liga a receptores, influenciando a síntese de proteínas que controlam a proliferação das células prostáticas. 

7 – Como a hiperplasia prostática leva ao aparecimento de sintomas miccionais?

Com o desenvolvimento dos focos de hiperplasia, os sintomas miccionais podem surgir decorrentes de uma obstrução uretral (funcional ou mecânica), ou em consequência de uma reação do músculo detrusor à obstrução.

A obstrução uretral pode resultar de uma hiperatividade das regiões do colo vesical, cápsula prostática e do estroma fibromuscular que são ricos em receptores, e que quando estimulados levam à contração da musculatura lisa local e diminuição do diâmetro uretral levando ao aparecimento de uma obstrução funcional. Isso explica os sintomas em indivíduos mais jovens com próstatas pouco volumosas.

Outros pacientes podem ter um crescimento prostático significativo, que gera um obstáculo mecânico ao fluxo de urina. Estes casos são característicos de indivíduos mais idosos que apresentam próstatas mais volumosas. 

8 – Como o músculo detrusor reage à obstrução?

Com o aparecimento da obstrução uretral, a bexiga sofre um processo de hipertrofia da musculatura, que permite a eliminação da urina nas fases iniciais de uma forma quase que normal, por aumento da pressão intravesical. Com a hipertrofia, a parede vesical se torna espessa e menos complacente, diminuindo assim a capacidade de armazenamento. Com a persistência do quadro, as fibras musculares são substituídas por colágeno, causando uma diminuição da contratilidade vesical, o que leva ao acúmulo progressivo de urina após a micção (resíduo pós-miccional). Associado a isso, ocorrem alterações na inervação vesical que ocasionam contrações vesicais involuntárias e urgência miccional.

    9 – O que é prostatismo?

    Prostatismo é o nome dado aos sintomas miccionais resultantes da hiperplasia benigna. Devido a esses sintomas serem comuns a outras patologias, esse termo está em desuso sendo atualmente utilizado o termo genérico – LUTS (Lower Urinary Tract Simptoms) ou sintomas do trato urinário inferior.

    10 – Quais os sintomas do trato urinário inferior?

    Os sintomas do trato urinário inferior podem ser divididos em sintomas de esvaziamento (obstrutivos) e de armazenamento (irritativos).

    Os sintomas de esvaziamento resultam do efeito mecânico da próstata sobre a uretra e se caracterizam pela hesitação miccional (demora em iniciar o jato), esforço miccional, jato fraco, jato entrecortado, gotejamento terminal e sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.

    Os sintomas de armazenamento surgem por reação do detrusor à obstrução da uretra e são: polaciúria (aumento da frequência urinária, nictúria (acordar para urinar), urgência acompanhada ou não por perdas e dor.

    11 – Os sintomas são proporcionais ao tamanho da próstata?

    Não há uma relação direta entre o volume prostático e a intensidade dos sintomas. Alguns pacientes podem apresentar uma grande massa prostática sem terem queixas urinárias significativas. Outros podem ter próstatas próximas ao volume normal e queixarem de grande desconforto e alteração da qualidade de vida.

    12 – Os sintomas da HPB podem variar ao longo do tempo?

    As manifestações clínicas da HPB costumam ser oscilantes, com períodos de melhora intercalados com fases de piora. Ao redor de 50% dos pacientes melhoram ou permanecem estáveis quando são acompanhados por um período de 2 anos. Apesar dos períodos de melhora, os sintomas tendem a ser progressivos com o passar do tempo.

    13 – A avaliação dos sintomas nos casos de HPB é importante?

    Os pacientes com hiperplasia prostática procuram auxílio médico pelo incômodo decorrente dos sintomas gerados pelo crescimento prostático. Os sintomas do trato urinário inferior são mais importantes do que a comprovação médica de que a próstata está aumentada ou o fluxo urinário está diminuído.

    Em função disso, surgiram tentativas de se quantificar os sintomas relacionados à HPB, criando-se escores de sintomas, que auxiliam na caracterização objetiva do estado clínico do paciente. 

    14 – Quais as complicações da HPB ?

    Além dos sintomas causados pela hiperplasia poderem alterar a qualidade de vida, podem surgir complicações decorrentes dela, como a retenção urinária aguda (incapacidade de urinar), cálculos de bexiga, infecções urinárias, falência do músculo da bexiga; sangramento na urina e a insuficiência renal.

    15 – A retenção urinária aguda (incapacidade de urinar) é irreversível?

    Não, a retenção urinária aguda (RUA) ocorre em 2 a 10% dos pacientes com HPB e não representa necessariamente o grau máximo de obstrução pelo próstata. É observada tanto em próstatas pequenas como volumosas e pode ser causada pelo uso de medicamentos como descongestionantes nasais, distensão aguda da bexiga e inflamação da próstata.

    O prognóstico dos pacientes que tiveram um episódio de RUA é desfavorável, já que 60 a 70% voltam a apresentar retenção após 1 a 3 meses da retirada da sonda vesical.

    16 – Quais as opções de tratamento para a HPB?

    Diversas formas de tratamento têm sido descritas para pacientes com hiperplasia prostática. São elas:

    – observação do paciente

    – tratamento medicamentoso

    – cirurgia, realizada por via transuretral ou aberta.

    17 – Quando se adota o acompanhamento do paciente?

    Como mencionado anteriormente, o tamanho da próstata não se relaciona diretamente com os sintomas.

    Portanto, pacientes com sintomas leves ou moderados que não apresentam prejuízo de sua qualidade de vida e não têm complicações resultantes da hiperplasia, devem ser seguidos de forma conservadora.

    18 – Quais as opções para o tratamento medicamentoso?

    As opções medicamentosas incluem o uso de bloqueadores α-adrenérgicos (que atuam sobre a parte muscular da próstata), ou de inibidores da 5 α-redutase (que exercem sua ação sobre a parte glandular), levando à redução do volume da próstata.

    Dentro os bloqueadores α-adrenérgicos têm-se a doxazosina e a tamsulosina , efetivas em pacientes jovens com próstatas pequenas.

    Os inibidores da 5 α-redutase, finasterida e dutasterida, são efetivos para pacientes com sintomas associados a próstatas volumosas.

    Pode-se ainda usar a associação das duas terapias, com resultados ainda melhores, em pacientes com grandes volumes prostáticos.

    19 – Quais os efeitos colaterais do tratamento medicamentoso?

    Os principais efeitos colaterais relacionados ao uso dos bloqueadores α-adrenérgicos são a hipotensão, tontura, problemas ejaculatórios e congestão nasal.

    Com o uso dos inibidores da 5 α-redutase, pode ocorrer a diminuição da libido, disfunção ejaculatória e disfunção erétil, que são reversíveis após a interrupção do tratamento.

    20 – Quais são as indicações de cirurgia?

    A cirurgia está indicada em pacientes sintomáticos e que apresentem alteração da qualidade de vida. É também indicada como principal forma de tratamento em pacientes que já apresentam complicações decorrentes da hiperplasia prostática como retenção urinária aguda, sangramento persistente, infecções urinárias recorrentes, cálculos na bexiga e insuficiência renal.

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